quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O NX Zero soube fazer a lição de casa


Às vésperas de completar uma década de atividades, Di Ferrero e cia. apresentam Projeto Paralelo, disco surpreendente e que prova que o trabalho bem pensado faz a diferença na trajetória de uma banda.

Há algumas premissas básicas para uma banda alcançar status semelhante ao adquirido pelo NX Zero. Reco­­nhecido em todos os cantos do Brasil, o grupo não se acomodou com o sucesso e está sempre disposto a colocar a mão na massa. Prestes a lançar o ousado Projeto Paralelo, os caras mostram que o tempo é parceiro e só faz evoluir ainda mais o som do quinteto. “A gente continua independente, só que com estrutura do mainstream”, explica o guitarrista Gee Rocha.

Vale explicar essa ideia um pouco melhor. Praticamente todas as etapas do trabalho musical e com imagem do NX são monitoradas pelos próprios membros da banda. Gee já dirigiu dois videoclipes, o primeiro DVD do grupo e agora está no embalo de outro trabalho audiovisual, um documentário que deve ser lançado em 2011. O baixista Conrado vira e mexe cuida de alguns produtos do merchandising e também do layout do site da banda. “O pior é que a gente é chato. Somos muito perfeccionistas. Temos uma gravadora e até deixamos todo mundo cuidar da gente, mas em relação à imagem, vídeo, música, não deixamos na mão dos outros não”, fala Gee. “Prova de que a gente tem vontade de continuar é que a gente vai fazer 10 anos de banda, estamos com uma gravadora e tal, e esse documentário que a gente está fazendo é bem roots, sabe? Gravamos em tudo quanto é lugar, o Gee pega a câmera, monta um cenário ali na hora”, observa o baixista Conrado.

Na última semana, o GAZ+ teve duas oportunidades de conversar com o NX. A primeira, no sábado (27 de novembro), foi antes da banda subir no palco do Curitiba Master Hall, dentro do camarim pra lá de diferente que a banda sempre carrega na estrada (a iluminação é feita só com luzes vermelhas). A outra, na terça-feira (30), por telefone, quando a equipe teve mais tempo para conversar apenas com Gee.

Deu para perceber que o grupo é o que transmite nas apresentações e aparições na tevê. Os caras são tranquilos, e estão ali realmente pela música. “O principal é você juntar uma galera que tenha o mesmo tesão de fazer a coisa, e ter liberdade para fazer isso. O Projeto Paralelo é para a gente a liberdade de poder colocar pra fora muitas coisas que estavam presas. Não tivemos pudor de fazer isso”, explica o baterista Daniel Weksler.

E eles lembram sempre de um grande nome que ajudou a banda a ser o que é hoje – o produtor Rick Bonadio. “É importante juntar pessoas que são do bem e querem coisas do bem, tipo o Rick. É uma galera que está junto com a gente e só tem a acrescentar”, conclui Daniel.

Sucesso

De alguns anos para cá, sempre surgiu uma nova banda que tomou conta de todas as principais premiações musicais. Este ano foi a vez do Restart, que arrebatou vários prêmios no VMB e no Multishow. No ano passado, foi a vez da banda Cine. Não faz muito tempo – em 2007 – que este título estava em outras mãos, no caso, nas dos caras do NX Zero.

Mais maduros, hoje em dia o quinteto valoriza de forma bem diferente tal reconhecimento. “O mais difícil é você se manter. É muito legal para marcar, mas têm coisas muito mais importantes como lançar um disco como esse, tentar fazer uma coisa diferente, ter essa abertura e conquistar um respeito para fazer isso”, aponta Di Ferrero, vocalista.

Mesmo assim, não deixa de ser um momento marcante na carreira do NX – até por isso, o primeiro prêmio no VMB entra para a lista de acontecimentos mais memoráveis na carreira da banda, segundo Gee. “Um dos mo­­­mentos mais fodas foi quando ficamos em 8.º lugar no Disk MTV, e também quando o Conrado entrou para a banda. A gente é muito unido. Outro foi quando a gente assinou com o Rick, foi muito emocionante, eu lembro até hoje. E claro que o primeiro VMB, que é um sonho de mo­­­leque”, contabiliza. E a lista só tem a crescer, não é?

Quinteto faz um disco surpreendente

Projeto Paralelo (Universal Music; preço médio: R$24,90) é de fato um álbum bem diferente. É claro que estamos acostumados a ouvir músicas bacanas, especialmente de artistas internacionais, nas quais algum grande nome do pop ou rock se une a um rapper para fazer um remix. No entanto, isso ainda não rola muito no Brasil. Talvez por isso dá para dizer que o NX Zero foi realmente ousado ao fazer um álbum composto apenas por faixas deste estilo.

São várias releituras, além de quatro canções inéditas, que contam com a participação de artistas nacionais como Chorão, Gabriel O Pensador, Marcelo D2, Negra Li e Emicida, além dos internacionais Freddie Gibbs, Yo Yo, entre muitos outros. A ideia inicial partiu de Di e Gee há quatro anos, e depois de apresentarem para o produtor Rick, a história acabou ganhando proporção ainda maior.

Trata-se, de fato, de um projeto paralelo e que contou com a ajuda de toda a banda. “Sempre fomos abertos para falar com todo mundo do NX sobre essa ideia. Então a gente decidiu fazer com toda a banda, ter essa liberdade de mostrar um outro lado, um outro canto da cabeça, musicalmente falando”, pondera Di. “Foi uma oportunidade tão boa pro NX essa coisa de ser conhecido por uma galera que talvez não escute tanto o rock, e vice-versa. É um intercâmbio cultural entre a galera”, finaliza Daniel.

Fonte: gazmais

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