
Quase uma
década depois que vertente do hardcore por alguns simplificada como ‘emo’
bombava em pequenas casas de shows paulistanas e começava a cavar um espaço na
grande mídia, o Nx Zero se distancia de vez da época em que precisava provar
não ser um modismo fugaz e agora, “desprendido de tudo”, celebra a consolidação
da banda no rock nacional com o novo disco 'Em Comum'.
“É o disco
que a gente tentou fazer mais coisas diferentes, um disco mais clean, diferente
dos outros”, diz Di Ferrero, que em entrevista à MTV Brasil, lembrou-se do
tempo em que tinha 18 anos e suas composições só retratavam sentimentos reais,
diferente de hoje, época em que o vocalista, com referência em Paul McCartney,
consegue retratar histórias “sem ter que viver para escrever”.
Na conversa
com a MTV,
Di, que acaba de voltar de turnê pelo Japão com a banda, ainda falou sobre o
amadurecimento do NxZero, sobre novos projetos, som brasileiro, sua mudança
para o Rio de Janeiro e o consequente distanciamento de Gee, Caco, Dani e Fi,
que permaneceram em São Paulo. Leia abaixo:
Do primeiro disco pra cá, as
composições de vocês passaram de uma mensagem lamuriosa pra algo mais
subjetivo, quase religioso, falando de paz, oração, céu. Isso é um
amadurecimento? Como foi esse processo?
No começo eu tinha 18 anos, vivia o que eu escrevia. Estava na
escola, a banda começando a dar certo, vivia o meu mundo, tava afim de tocar,
gostava de uma menina e queria sucesso. Aí o tempo foi passando e qualquer
pessoa muda muito. Hoje a gente está no pós-10 anos de banda, cada um já mora
longe do outro, já vivendo outras paradas. Não preciso mais viver pra escrever.
Então criei sensações. Realmente tiveram vários momentos do tipo orações, como
você falou. Em ‘Só Rezo’, por exemplo, foi uma parada em que a gente foi lá no
Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, e ficamos sensibilizados. Esses dias
li uma matéria dizendo que John Lennon precisava sofrer pra escrever, já o Paul
[McCartney] inventava suas letras. Dessa vez eu consegui inventar, pela primeira
vez, sem viver pra escrever. Em ‘Maré’, nossa nova música de trabalho, eu tive
a ideia da letra ouvindo ‘Cotidiano’, do Chico [Buarque], que fala de alguém
que faz tudo sempre igual. Ao mesmo tempo, um amigo meu tinha estudado a vida
inteira pra seguir um caminho e hoje rola uma frustração porque vive algo
totalmente diferente. Então consegui escrever vendo situações de outras
pessoas.
Vocês protagonizaram a febre pop do hardcore melódico, as bandas
queriam provar algo, crescer, o público era muito ativo. Anos depois, como é
produzir um disco sem estar preso a nenhum rótulo, nem tendo que provar nada a
ninguém? Andam experimentando coisas novas?
Esse é o disco que a gente não parou pra pensar, a gente fez.
Desde a época que rotularam de emo, era aquela provação pra gente mesmo. ‘Esses
moleques que estão aí na mídia, que estão querendo fazer isso e aquilo’,
diziam. Mas ainda assim a gente manteve a cabeça no lugar. Hoje em dia, olhar
pra trás é a maior loucura. Finalmente, desprendido de tudo, depois de um DVD de
10 anos, é o disco que a gente mais tentou fazer coisas diferentes. Um disco
mais clean, diferente dos outros.
Novas influências?
No Nx a gente sempre ouviu coisas diferentes, mas nunca conseguiu
colocar em prática. Dessa vez foi diferente. Como falei, gosto muito do Chico
[Buarque] e ele foi influência, com toda a humildade, é claro. O Dani ama Nação
Zumbi e conseguiu explorar um groove a mais nas novas composições. Estamos
melhorando nesse sentido, porque antes todo mundo queria fazer muita coisa, eu queria
cantar na nota mais alta, eles queriam colocar muita guitarra, solar ao mesmo
tempo. Quanto mais o tempo vai passando talvez isso vá melhorando na gente.
Para
ler a entrevista completa clique aqui
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